Transformações no mercado de trabalho: o impacto das mídias sociais na comunicação

O mercado de trabalho tem passado por grandes transformações com a crescente influência das mídias digitais e das redes sociais. Essa mudança de paradigma coloca em pauta também o impacto das perspectivas de carreira profissional. Com a ascensão do digital, isso se reflete na capacidade de adaptação, a familiaridade com as plataformas digitais e na compreensão das estratégias de marketing online, fundamentais para se destacar no mercado atual.

Apesar de existirem diversos cursos de graduação que preparam estudantes a atuarem com mídias, é comum encontrar pessoas que se formam jornalistas ou que estão em curso, e ingressam na faculdade de jornalismo com o objetivo de construir um futuro voltado para a redação, assessoria ou televisão, porém se deparam, muitas vezes, com oportunidades ligadas às mídias e ao marketing.

O curso de jornalismo, em seu estigma, é tradicionalmente associado à produção de matérias, reportagens e apuração de notícias, e enfrenta um novo cenário em que as mídias sociais se tornaram uma plataforma central para a disseminação de informações. A velocidade e o alcance das redes sociais permitiram que as notícias se espalhassem rapidamente, enquanto a interação direta com o público se tornou fundamental. 

Para o jornalista Fábio Baêta, profissional que trabalha com produção de conteúdo e pesquisa para as redes sociais, é preciso prezar sempre pela veracidade da informação, ainda que a notícia seja publicada depois de outros veículos, mas como reconhecimento pela qualidade do material. 

“Checar a informação antes de postar, o “tudo pela notícia”, é um caminho perigoso. Não importa o veículo na busca da verdade, a veracidade e a precisão das informações. A relação com a fonte, hoje, por meio da rede social, é mais cautelosa. O cuidado é redobrado e a checagem é o trunfo para não cometer erro”, relata Fábio.

Nesse contexto, as habilidades de gerenciamento de redes sociais e produção de conteúdo digital tornam-se cada vez mais valorizadas e uma parte fundamental da vida cotidiana de muitas pessoas em todo o mundo, criando um mercado para os profissionais formados em jornalismo, mas com experiências em mídias sociais. As empresas de mídia reconhecem o poder das redes sociais como plataformas para alcançar e envolver o público-alvo de maneiras mais diretas e imediatas. 

A estudante de jornalismo Victoria Muzi, acredita que as redes sociais são uma ferramenta de divulgação para as notícias. Porém, a base nunca deve ser apenas as redes, mas buscar em fontes confiáveis e checar os fatos. “Nesse círculo vicioso de pós-verdades e fake news, o principal canal de propagação são as redes sociais. Por isso, é fundamental que portais de notícias se adaptem a essas mudanças e sempre procurem buscar a veracidade dos fatos”.

Desse modo, é importante observar que a necessidade de estar presente nas redes sociais não substitui o jornalismo tradicional, mas funciona como complemento dele. “O jornalismo tradicional perde na hora da velocidade. A interatividade no digital é imediata com o seu público. Assim, a facilidade de veicular e compartilhar a sua matéria é muito rápida”, completa Fábio.

O jornalista Marcelo Silva trabalha em uma agência voltada à redação SEO, e cita que o jornalismo tradicional está dando lugar a um jornalismo digital, conectado, por meio da multimídia, e que atende as necessidades de um mundo moldado pelas redes sociais e pela internet. Mas, apesar de ver essa nova tendência como algo positivo, ele revela ainda o medo de ver um texto pessoal poder viralizar algum dia pelo motivo errado. “O jornalista hoje precisa estar muito mais atento e antecipar possíveis problemas”, ressalta.

“Os jornalistas que não investirem no digital vão ver as oportunidades de emprego ficarem muito reduzidas. Por investir no digital, me refiro a estudar sobre marketing de conteúdo, os diferentes formatos de redes sociais, SEO e planejamento estratégico voltado para a web. As redes sociais influenciam 100% a narrativa das notícias. Elas permitem que as pessoas critiquem, identifiquem erros e “gafes” em publicações de uma maneira muito fácil e rápida”, afirma Marcelo.

Com base na análise dos dados reportados pela nossa equipe, um dos motivos que mais exemplifica a necessidade de jornalistas trabalharem com social media é o crescimento das mídias sociais, através do número de usuários ativos diariamente, que totaliza 56,2%. Além deste, a mudança no consumo de notícias, em que mais pessoas obtêm informações por meio de plataformas de mídia social, como Facebook, Twitter, Instagram e YouTube, e representam 53,3% dos entrevistados. 

Para isso, os profissionais veem a necessidade de precisar se adaptar, explorando novas formas de contar histórias e de se conectar com o público, propondo novos desafios para a confiança do jornalismo. “O jornalismo tradicional precisa de um bom trabalho de social media para que as notícias cheguem ao público na linguagem adequada das redes sociais. Da mesma forma, o social media precisa que tenha alguém produzindo pautas relevantes e que agreguem informações novas”, complementa Marcelo.

A mudança no consumo de notícias e o crescimento das mídias sociais apresentam uma influência significativa no mercado de trabalho de acordo com a base de dados criada para essa reportagem. (Foto: Flourish/Malu Danezi)

As redes sociais oferecem uma maneira de compartilhar notícias e histórias de forma rápida e eficiente, além de permitirem uma interação mais próxima com os leitores e espectadores. Ao aderirem às mídias digitais, as empresas utilizam ferramentas como estratégia de vantagem sob uma empresa concorrente.

Segundo o levantamento feito pela Comscore, a pesquisa “Tendências de Social Media 2023” traz um número importante sobre o comportamento de consumidores nas redes sociais a partir do número de usuários conectados. Dessa maneira, os conteúdos requerem estratégias de alcance para aumentar e reter o engajamento do público. De acordo com os dados reportados pela empresa, o consumo de conteúdo nas redes sociais em 2022 chegou a 10 milhões, 2% a mais comparado ao ano anterior.

Fábio Baêta se propõe ainda a explicar o resultado das redes sociais com base nos dados da pesquisa nacional “Redes Sociais, Notícias Falsas e Privacidade na Internet”, realizada pelo DataSenado em parceria com as ouvidorias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. “O resultado me assustou: mais de 80% dos brasileiros acreditam que as redes sociais influenciam muito a opinião das pessoas, ou seja, a nossa responsabilidade é enorme, e impacta a forma que apuramos”, aponta.

Social Media no ambiente corporativo

O uso corporativo de mídias tem uma relação significativa com o desempenho de mercado das empresas brasileiras. A presença e a estratégia das empresas nas mídias podem ter um impacto positivo em diversos aspectos. Isso se deve ao fato das empresas alcançarem um público amplo e diversificado, aumentando sua visibilidade e atraindo mais clientes. Ao criar uma presença online, as empresas tendem a aumentar o reconhecimento da marca e, consequentemente, as oportunidades de negócios.

Além disso, as mídias sociais proporcionam às empresas a oportunidade de se envolver diretamente com os clientes e construir relacionamentos mais próximos. Por meio de postagens, comentários, mensagens diretas e compartilhamento de conteúdos relevantes, as empresas podem obter feedbacks importantes e melhorar a confiança com o público.

“Quando comparado às redações, o fluxo de trabalho é muito diferente, pois são conteúdos diferentes que precisam ser abordados. O jornalismo atual tem focado muito na produção de conteúdo, no storytelling e no engajamento das redes sociais”. A partir dessa perspectiva, Victoria acredita que um trabalho em conjunto entre o ambiente corporativo e o social media é fundamental no processo de divulgação de notícias. 

Social Media: um trabalho fácil ou mal compreendido?

Nos últimos anos, a internet alcançou um rápido desenvolvimento em um curto período. Como resultado, criou um mercado imensurável desde o início, construindo novas profissões e novas formas de trabalhar. Os social media são um exemplo de profissionais que surgiram desde o advento da web ao longo das décadas e, atualmente, desempenham um papel vital em empresas que desejam manter uma boa reputação e ganhar visibilidade pública.

O estudante do curso Estudos de Mídia, da Universidade Federal Fluminense, Gabriel Rubim, de 20 anos, comenta a crescente importância do setor de trabalho nas redes sociais e destaca a necessidade de ter alguém para gerenciar as contas empresariais, a fim de expandir novos caminhos.

“O uso das redes sociais como ferramenta de trabalho está em constante crescimento. Tanto influenciadores quanto donos de negócios estão reconhecendo a importância de ter um social media para gerenciar suas contas. Isso ajuda a expandir o público e manter uma presença visual atraente para potenciais seguidores/consumidores, estabelecendo uma presença organizada e atrativa, visando aumentar seu público e promover a empresa”, argumenta Gabriel.

Para medir o sucesso do setor e o conteúdo que esses especialistas geram nas redes, ao consultar a pesquisa realizada pela Comscore MMX Multiplataforma – Key Measures, em dezembro de 2022, observa-se que social media é a categoria mais consumida no Brasil, ocupando o terceiro lugar no ranking de maior consumidor de social do mundo. Embora o país tenha apresentado um crescimento significativo na área nos últimos anos, o que pouco se discute é como as pessoas enxergam o termo “social media” e a profissão.

A categoria mais consumida no Brasil, hoje, é a do Social Media. Os dados foram analisados, e vêm sendo divulgados, desde dezembro de 2022.(Fonte: Comscore/reprodução)

Em grande parte, este assunto não é amplamente debatido devido à predominância de vagas no mercado atual relacionadas a essa área específica. Cada vez mais graduados em cursos de comunicação social estão sendo inseridos nessa esfera profissional, deixando passar como outros indivíduos analisam o trabalho de social media.

A análise da Comscore apresenta dados sobre as formas de consumo mundial. (Foto: Comscore/Malu Danezi)

Em levantamento feito para essa reportagem, 25,7% dos entrevistados afirmam que já trabalharam como social media e 66, 7% trabalhariam na área como uma segunda opção, caso só encontrassem vagas para essa atuação. Dessa forma, o estudo evidencia a “bolha” criada pelo mercado atual e a necessidade de ter alguém cuidando das redes.  

A base de dados da reportagem mostra que mais que a metade dos profissionais e futuros profissionais do ramo da comunicação estão abertos a tentar entrar nessa nova área. Além deles, mais de 25% dos entrevistados já atuou como social media. (Foto: Flourish/Malu Danezi)

Além disso, a profissão, muitas vezes, é vista como fácil, o que leva à diminuição de seu prestígio. Alguns especialistas preferem usar termos alternativos, como “Gestor de Conteúdo” ou “Gerenciador de Redes Sociais”, ou até mesmo mencionar sua formação acadêmica, com o objetivo de esclarecer melhor as responsabilidades dessa ocupação.

A Social Media Erica Nogueira, traz à tona a falta de conhecimento e compreensão geral sobre essa profissão por parte da sociedade brasileira. Em suas interações de trabalho, ela frequentemente se depara com perguntas sobre o que é o termo. Erica destaca a necessidade de abordar e discutir essa questão para esclarecer o papel e a importância desse profissional no contexto atual.

“Sempre que falo que atuo como Social Media, recebo a seguinte pergunta: Social que? As pessoas não conhecem muito essa nova profissão, ou desconhecem o termo, ou ainda não sabem ao certo a função do gestor de redes sociais. Sempre faço artigos para esclarecer o que é realmente a profissão”, expõe Erica.

As plataformas profissionais como o LinkedIn também atua como um espaço de debate acerca do tema. (Fonte: LinkedIn/Gabriella Lourenço)

Cada vez mais profissionais que gerenciam redes sociais enfrentam subestimação, devido à ideia de que o trabalho é tranquilo. Como resultado, enfrentam dificuldades ao precificar seus serviços em atividades freelancers, pois a maioria dos clientes não compreendem completamente o planejamento, o tempo e o conhecimento intelectual necessários para desempenhar essa função.

Como forma de demonstrar que a profissão é séria, os profissionais têm aderido a tendências, da plataforma Tiktok, como “Meu trabalho parece fácil, porque não é você que faz” e “Hoje passei o dia resolvendo pepino, pepino grosso!”, a fim de destacar que a profissão exige estudo, planejamento, criatividade, postura, interação e habilidade para gerar resultados efetivos.

Outras redes sociais também impulsionam os debates acerca da profissão. (Foto: Tik Tok/Gabriella Lourenço)

Essas tendências são uma forma de demonstrar que o trabalho de gerenciamento de redes sociais requer um esforço contínuo, uma abordagem dinâmica e objetiva, com o objetivo de alcançar e envolver o público-alvo.

É necessário uma equipe para fazer o trabalho de uma pessoa?

Como a grande maioria das pessoas hoje estão conectadas na internet e possuem contas nas redes sociais, elas têm a impressão de que é uma profissão que pode ser realizada por qualquer pessoa, mesmo que não possua uma formação na área de comunicação. Esses tipos de preconceitos que giram em torno da profissão prejudicam aqueles que trabalham na área. 

Diferente do que muitos pensam, o trabalho do social mídia não se resume apenas à criação de posts para redes. Mesmo que fosse apenas isso, a carga de conteúdo já seria grande, no entanto, é necessário analisar métricas do algoritmo das redes, criar conteúdo escrito e imagético, atualizar blogs, dialogar direto com consumidores, desenvolver campanhas, ter conhecimentos sobre psicologia comportamental e monitorar resultados.

Muitas empresas optam por contratar apenas um funcionário para exercer todas essas funções. A estudante de Design de Animação Maria Clara Gomes, de 19 anos, afirma ser a única social media na empresa em que estagia. “Eu sou a única a produzir, às vezes eu me sinto prejudicada porque em algumas semanas têm muito conteúdo para entregar e eu tenho que fazer tudo ao mesmo tempo”, declara. 

“Eu acho que é importante ter uma equipe de social media em vez de apenas um profissional, ainda mais porque, apesar de não ser uma tarefa difícil e qualquer pessoa da área de comunicação conseguir realizar, eu acho importante ter mais de uma pessoa focada nisso. Assim não sobrecarrega uma só, então, pelo menos pra mim, seria muito mais fácil se eu pudesse ficar só com a parte do design e outra pessoa com a parte dos texto e campanhas, até porque eu não sei organizar campanha, então eu tenho que ir me virando do jeito que dá”, finaliza.

Regulamentação da profissão

Atualmente, a profissão não é regulamentada. A falta de um código ou série de normas que determinem o funcionamento é prejudicial, já que não determina garantias e direitos por meio das leis, como por exemplo, requisitos para atuação, jornada de trabalho, piso salarial, atribuições, entre outros. 

Esses problemas geram outros, já que, se não existem requisitos para atuação, pessoas não capacitadas podem atuar nessa área trazendo riscos para a reputação dos social media em geral e das empresas, a falta de um piso salarial pode fazer com que os profissionais sejam mal pagos e a jornada de trabalho não regularizada e a falta de limites de atribuições pode sobrecarregá-los.

A necessidade de uma regulamentação é clara. O estudante de Estudos de Mídias da UFF, Gabriel Rubim, de 20 anos, explica que da mesma forma que outros cargos, a existência de uma legislação trabalhista que esteja de acordo com a lei é necessária para manter a estabilidade da profissão. 

“Com a falta de regulamentação, surge, aos poucos, a demanda pelo trabalho excessivo e sem os direitos básicos que foram conquistados pela classe trabalhadora. Empregos sustentados pela internet falham em encontrar um termo útil para seus trabalhadores, como visto em casos como Uber, Ifood e empresas que atuam em espaços cibernéticos. Cada dia aumenta a necessidade por uma regulamentação dos empregados justamente para evitar a exploração do trabalhador”, afirma.

Como se graduar em um curso pouco conhecido?

Apesar de hoje já existirem cursos profissionalizantes de social media, eles não são tão conhecidos e possuem um leque reduzido de opções de trabalho. Logo, muitos optam por cursar marketing, publicidade ou jornalismo e se aprofundar no assunto através de cursos de menores durações ou workshops.

A estudante de Publicidade e Propaganda Beatriz Braulio, de 19 anos, fala que atualmente trabalha na área de social media do estúdio de fotografia da Universidade Veiga de Almeida. Ela diz que o único curso específico para a profissão que conhece é o de Estudos de Mídia na UFF. “Eu tento sempre estar me atualizando seguindo pessoas que também atuam nessa profissão para ver o que está mais em alta nas mídias em geral, mas eu também pesquiso bastante cursos online”, explica. 

Hoje, há uma crescente onda de profissionais que buscam como meios de se aprofundar e especializar na área por meio de fontes como cursos e workshops ao invés de investir tempo e dinheiro em uma ou mais uma graduação.

O estudante de Jornalismo, Pedro Ramos, de 23 anos, também reforça que conhece apenas uma faculdade que possui esse tipo de curso e que se precisasse trabalhar na área iria investir em cursos e workshops. “Na UFF tem um curso de Estudos de Mídia, eu cheguei a procurar na época do Sisu mas acabei entrando no Jornalismo. Não é meu interesse trabalhar com isso, mas se surgisse uma oportunidade muito boa eu correria atrás de cursos e workshops online e qualquer tipo de coisa em que eu pudesse me basear e pudesse me deixar como um profissional cada vez melhor”, afirma. 

Já a estudante de Jornalismo de 21 anos, Yasmin Bertazini, afirma não conhecer nenhuma graduação específica para a profissão. Apesar disso, por trabalhar diretamente com isso na galeria de artes em que estagia, ela busca aprimorar seu trabalho com workshops, vídeos no YouTube e contando com a ajuda de colegas de trabalho e faculdade. Além dela, João Cucco, estudante de jornalismo de 19 anos, afirma que ao trabalhar as redes sociais do núcleo de fotografia em que estagia, busca se atualizar por meio de vídeos no YouTube e Tik Tok. 

Os impactos das mídias no jornalismo tradicional

As redes sociais impactam em diversas áreas da sociedade. É quase impossível falar sobre o tema sem pensar nos impactos das mídias no jornalismo tradicional. A estudante de Jornalismo, Gabriela Machado, de 24 anos, pontua que as redes sociais podem impactar o jornalismo tradicional de diferentes formas. Por um lado, elas podem impulsionar as notícias e aumentar a área de abrangência de uma publicação, por outro elas podem se tornar as notícias. “É como quando um vídeo engraçado do Tik Tok ou do Reels vai parar em uma notícia no jornal”, aponta. 

“Acredito que as redes sociais por si só nunca irão fazer o papel do jornalismo. Mas elas são uma oportunidade de aguçar a curiosidade dos internautas para ler a reportagem”, afirma.

Para o estudante do 7° período de jornalismo, Gabriel Folena, que faz estágio na área de social media, fala como as redes sociais têm moldado e atualizado as formas de fazer jornalismo. “As pessoas se informam pelas redes sociais, então, como o jornalismo está onde a informação está, acredito que isso o aproxima cada vez mais do ambiente online. Virou algo comum veículos impressos migrarem para o formato digital, e eu acredito que isso vai continuar acontecendo”, explica.

Ele relata que as principais diferenças entre trabalhar com jornalismo tradicional e atuar nessa área estão no foco da apuração e na construção da notícia. “Como social media o seu conhecimento jornalístico te ajuda a pesquisar pautas interessantes, mas muitas vezes o resultado disso não é um texto informativo e sim um texto mais comercial que ‘surfa’ na onda de determinado assunto”, expõe.  

Além disso, ele ainda afirma que, por existir muito o uso de textos não tão formais, atualmente, muitas das informações que circulam na internet são pouco checadas e muitas vezes falsas, o que mostra a necessidade de profissionais capacitados para trabalhar na área. “No meu trabalho, se preciso pesquisar algo, procuro sempre por fontes confiáveis e não faço afirmações que não posso provar ou mostrar de onde retirei”, finaliza ele.

Conclusão

De acordo com os relatos e reflexões dos entrevistados, observa-se que a profissão de Social Media está se expandindo para diferentes setores, com grandes empresas e freelancers dividindo as funções dentro dessa área. 

No entanto, essa distribuição de responsabilidades ainda não é amplamente adotada pela maioria das empresas, que predominantemente oferecem vagas de estágio, exigindo dos candidatos múltiplas experiências em vez de conhecimentos especializados que poderiam ser desempenhados por diferentes profissionais.

Acredita-se que os Social Media podem exercer diversas profissões na área da comunicação, desde que estejam atualizados, organizados, comunicativos e pacientes no momento de planejar, criar conteúdo, se comunicar com o público e produzir relatórios sobre os resultados alcançados. É importante ressaltar que a profissão ainda está em desenvolvimento, com teorização e regulamentação em processo.

Por fim, qual será o futuro de uma profissão onde algumas pessoas pagam 50,00 por um post no Instagram, e outras dizem ganhar 30 mil reais por mês trabalhando pouco, o que não parece nem possível? Chegou a hora de questionar. 

Metodologia

Para coletar dados para a pesquisa, a equipe fez uma coleta de dados através de um formulário no Google, esses dados brutos podem ser acessados aqui. A ideia inicial era coletar ao mínimo 300 respostas, mas com o número reduzido de fontes e a dificuldade em consegui-las, a equipe obteve apenas 105. 

Com a intenção de enriquecer e aprofundar a pesquisa, foram levantados dados de vagas por meio de uma análise da página no Instagram @vagasemjornalismo, e esses dados podem ser encontrados aqui.

Em uma primeira análise, é possível perceber que a maioria dos participantes possui entre 19 e 25 anos e ainda cursa jornalismo. A intenção inicial da pesquisa era comprovar a hipótese de que a profissão deveria ser diretamente ligada ao curso de Publicidade e Propaganda, mas foi mostrado através dos dados e pesquisa que é uma profissão que pode ser praticada por pessoas com diferentes graduações de comunicação. 

Além das pesquisas e análise de dados foram feitas entrevistas com profissionais da área para entender mais sobre o funcionamento da profissão. Buscamos entender o ponto de vista de pessoas de diferentes graduações para ver como a profissão afeta e enquadra cada especialidade, por isso, a pesquisa contou com a participação de estudantes e graduados em Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico.

Foto de capa: Canva/Luiz Guilherme Reis

Por Gabriella Lourenço, Luiz Guilherme Reis e Malu Danezi. (Jornalismo de Dados)

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