Após “boom” durante a pandemia, vendas de e-books continua crescendo

A pandemia de Covid-19 forçou diversas mudanças de hábito na população, e uma delas é a forma de ler livros. Segundo dados da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, realizada pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL), a venda de e-books, os livros digitais, cresceu 81% em 2020, primeiro ano da pandemia. Entretanto, alguns desses hábitos forçados pelas restrições do período pandêmico desapareceram com o tempo e com a volta a normalidade. Não foi o caso dessa nova forma de consumir livros, que cresceu 10% em 2021 e 8% em 2022. Leitores e escritores afirmam que as mudanças na forma de ler os livros são grandes e positivas.

  • Fonte: Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro / Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL)

Maria Clara Carvalho, de 19 anos, tem um Kindle há dois anos, e afirma que isso facilitou muito a leitura, principalmente dos livros maiores. “Carregar alguns livros grandes, de mais de 500 páginas, na mochila acaba sendo muito desconfortável e nada prático. por mais que ainda tenha muitos livros físicos, no dia-dia eu acabo preferindo o kindle”, afirma a jovem. Esse escolha entre as edições de papel e as digitais já aparece também no meio acadêmico, a estudante de letras conta que na própria faculdade muitos professores acabam disponibilizando versões em pdf de diversas obras para os alunos, “acaba sendo um facilitador, já que, principalmente no curso de letras, os professores passam muitas leituras obrigatórias, e fica muito caro comprar tudo. Fora que muitos livros não estão disponíveis na biblioteca ou só tem uma edição para uma turma de 30 pessoas”.

Essa acessibilidade maior na produção e venda dos e-books acaba trazendo também muitos escritores, principalmente mais jovens e que ainda não publicaram o seu primeiro livro, a recorrerem as versões digitais. É o caso da escritora Isabella Garcia, de 24 anos, que publicou seu primeiro livro, “Os Filhos de Gaia e as Pétalas de Fogo” em 2022 apenas na mídia digital e no início desse ano conseguiu lançar a versão física, “é bem difícil encontrar alguma editora que publique e distribua o seu livro, principalmente por ser o meu primeiro livro, por isso eu acabei publicando apenas a versão digital mesmo, divulgando nas minhas redes sociais, principalmente no Tik Tok, e acho que isso me ajudou bastante”. Mesmo assim ela conta que publicar a versão física é a realização de um sonho, e que nada se iguala a ter um livro de sua autoria na estante.

Apesar da pouca praticidade, os livros físicos continuam representando quase a totalidade das vendas. Segundo a Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, o formato tradicional representou 94% do faturamento das editoras em 2022.

  • Fonte: Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro / Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL)

Enquanto os e-books são bastante populares entre os jovens, os mais velhos preferem as edições físicas dos livros, como diz a professora de inglês Dayse Aparecida, de 56 anos, “é uma questão de costume mesmo, mas acho que a gente já passa tempo demais na frente da tela, com celular, televisão e tudo mais, acho que na hora de ler um livro eu prefiro ficar com algo mais analógico mesmo” conclui brincando.

METODOLOGIA:

A matéria utilizou como base dois dados muito importantes sobre os e-books na Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, realizada pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL). O primeiro dado é a série histórica da venda de e-books nos últimos 4 anos, já o segundo é a comparação entre a venda de e-books e livros físicos. A pesquisa está disponível no site do SNEL.

Os dados utilizados estão disponíveis neste link.

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